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FICÇÃO

| O TROVADOR

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           Uma enigmática palavra provençal está no centro deste brilhante romance de estreia de Rodrigo Garcia Lopes. Encontrada na boca de uma vítima de uma série de assassinatos no sul do Brasil, a palavra rabiscada na tira de papel também constava em um estranho poema enviado a Eduardo VIII, rei da Inglaterra. A missão de investigar a ligação entre poesia e crime caberá a Adam Blake, tradutor-intérprete enviado ao local de origem da carta: uma empresa loteadora britânica que opera no norte do Paraná.

           Conduzido a Londrina pelas mãos de lorde Lovat, sócio de sua majestade nas terras mantidas pela Parana Plantations Limited, sob auspícios do inspetor Hugh Sinclair e de sir Winston Churchill em pessoa, o diligente sr. Blake se depara com uma cidade onde imigrantes japoneses, russos, alemães, espanhóis e britânicos se degladiam pela sobrevivência.

           Além da mistura de babel, eldorado e faroeste representada por Londrina no início de sua exploração cafeeira e madeireira em 1936 — o cenário importa tanto a esta trama quanto seus personagens —, Blake também encontra um enigma solucionável somente por alguém com pendores filológicos.

           De início apenas um aparente homicídio decorrente de triângulo amoroso entre funcionários da companhia, a investigação avança até desvelar a identidade do impiedoso assassino denominado O Trovador. Quem seria, e por que uma pessoa com talento para a linguagem apelaria ao assassinato como uma das belas-artes?

           Tudo é surpreendente neste romance, da exatidão ao aplicar as regras do policial norte-americano e inglês dos anos 30 à sua rigorosa pesquisa histórica. Nada supera, porém, o acerto do autor na criação de seu detetive: assim como Adam Blake, Rodrigo Garcia Lopes é um exímio poeta e tradutor. Subvertendo a máxima “tradutor, traidor”, esta narrativa entrega tudo ao leitor, menos traição. Adam Blake veio ao Brasil para ficar.

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