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ENSAIO

| ROTEIRO LITERÁRIO - PAULO LEMINSKI

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POESIA E VIDA

 

        Publicada pela Biblioteca Pública do Paraná, a coleção Roteiro Literário traz, a cada título, um ensaio sobre um escritor paranaense já falecido. Contemplados os nomes de Jamil Snege e de Helena Kolody, agora nos chega o Roteiro Literário — Paulo Leminski, de autoria do escritor e jornalista Rodrigo Garcia Lopes. Nesse Roteiro temos não só a apresentação da vida meteórica do curitibano Paulo Leminski, mas a oportunidade de um mergulho na vigorosa obra do criador múltiplo que, há algumas décadas, é referência maior para escritores, artistas e leitores brasileiros. 

        O ensaio se divide em três partes. A primeira, “Um clássico contemporâneo”, nos conta como Leminski viveu e reproduziu a agoridade absoluta do mundo atual, como seus textos pensantes amalgamaram influências até atingir uma essência própria na tradição dos inventores da linguagem. Também as estações da vida-obra do poeta aparecem num registro desde a primavera da infância, o verão na onda da Tropicália, o outono, momento da “desova”, até o inverno, do Leminski “parnasiano chique”, já fragilizado pela doença que o levaria em 1989


        “Habitante da linguagem”, a segunda parte, traz uma análise da poética
leminskiana, marcada pelo rigor & delírio da escrita. E a última, “Besta dos Pinheirais”, investiga como Leminski, num embate de forças como a “mística imigrante do trabalho” e a “autofagia araucariense”, absorveu a cidade de Curitiba em sua obra, e como Curitiba foi absorvendo a obra do seu poeta maior.

        Complementa a publicação a “Geografia Literária” que, com fotos e breves textos, nos leva a seguir as pegadas de Leminski por Curitiba, da maternidade em que nasceu, às casas em que morou, até os principais lugares que costumava frequentar.

        Ao nos aproximar de alguém que, num grau máximo, defendeu a ligação da poesia e da vida, esse Roteiro Literário nos oferece uma profunda experiência de leitura e reflexão. Ao final do ensaio, o autor, Rodrigo Garcia Lopes, nos lembrará que nunca mais vai haver outro Paulo Leminski. Outro não. Mas o nosso polaco loco paca, único e pulsante como seu texto, ora é reavivado, belamente, e nos chega às mãos.

Luci Collin

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