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POESIA

| EXPERIÊNCIAS EXTRAORDINÁRIAS

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Experiências extraordinárias
Por Marcos Losnak (2015)


    Experiências Extraordinárias, sexto livro de poemas de Rodrigo Garcia Lopes, define o poema como um dispositivo de estranhamento e a poesia como uma operação de linguagem capaz de transformar o ordinário em extraordinário.

    Aprofundando linhas temáticas e de experimentação perseguidas ao longo de sua trajetória, marcada por uma densidade e diversidade poéticas, Rodrigo Garcia Lopes apresenta poemas contundentes. Organizado em quatro seções, Experiências Extraordinárias oferece uma resposta a um bordão comum no cenário brasileiro literário, que aponta uma suposta irrelevância e banalidade da poesia hoje e sua incapacidade de dialogar com o agora, de estar sintonizada com o mundo mediado, imediato e complexo que nos rodeia, de re-significar o mundo à nossa volta.

    A seção “Idade Mídia”, em especial, é marcada por poemas que exploram, com um humor muitas vezes ferino, a mercadorização da vida e a banalização da violência, a fragmentação e velocidade de nossos dias, o culto à celebridade e a sociedade do espetáculo, o bombardeamento de informações, o barateamento da linguagem, o impacto da globalização e da tecnologia na
sensibilidade contemporânea. 

    A segunda seção, na persona de Satori Uso, Lopes recupera os haicais perdidos do poeta nipo-brasileiro (1925-1985), revelando seu empenho em dizer o máximo com o mínimo, em aclimatar as convenções e espírito do haicai para suas experiên cias como imigrante no Brasil, o impacto da paisagem brasileira e do nosso idioma em sua sensibilidade zen.

    Os poemas de “Diálogos” exploram os bastidores literários enquanto estabelecem diálogos intertextuais com autores como Drummond, Horácio, Chandler, Eliot, Oswald, Pessoa, Rimbaud, Graciliano Ramos, Marcial, Leminski e Poe. 

 

    A última seção, “Experiências Extraordinárias”, que dá nome ao livro, concentra poemas que, em sua busca pelo sentido, convertem-se em mapas perceptivos, campos abertos de linguagem — da poesia paragramática ao soneto, do poema lírico ao filosófico.

 

    Um dos poetas mais sofisticados da literatura brasileira das últimas décadas, Rodrigo Garcia Lopes prova, em novo livro, que a poesia ainda tem a missão de criar novas realidades de palavras, apontar e incorporar outros modos de ver, sentir, ser e estar no mundo.

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